
As eleições americanas chegam a sua reta final.
Dia 04 de novembro milhões de americanos irão às urnas, alguns, inclusive já fizeram isso, traço revelador de uma dentre várias diferenças entre o sistema eleitoral dos EUA e os sistemas eleitorais de outras democracias ocidentais.
A diferença mais marcante está no processo indireto de escolha do presidente. Muito embora seja a democracia moderna mais antiga e mais duradoura (a primeira eleição foi em 1897 e desde então seguiram-se 43 eleições e 19 presidentes, sem momentos de exceção), quem escolhe o presidente é a maioria dos delegados que compõem o colégio eleitoral (538 membros divididos pelos Estados que compõem a federação). O voto popular somente obriga os delegados dos Estados a votarem no candidato vencedor no seu Estado, quando for reunido o colégio eleitoral. Nesse sistema, portanto, nem sempre o candidato mais votado em números absolutos será o escolhido.
Essa característica, aliada ao fato de que o voto não é obrigatório, faz com que as pesquisas de intenção de voto não consigam refletir com a exatidão desejada o provável resultado da eleição (clique aqui). Detalhe muitas vezes esquecido pelos "analistas políticos" tupiniquins.
Outro fato importantíssimo, completamente ignorado pela "cobertura jornalística" brasileira, é a eleição para o parlamento americano. Todas as 435 cadeiras da Câmara de Representantes e um terço do Senado americanos serão renovados este ano (mandatos de 2 anos para a House of Representatives e seis anos para o Senate).
A disputa mais acirrada ocorre no Senado que atualmente conta com 49 Senadores Republicanos, 49 Senadores Democratas e dois independentes (são 100 as cadeiras do Senado Americano) e poderá ser tornar super majoritária do Partido Democrata se as previsões eleitorais confirmarem o assento para 60 candidatos desse partido (clique aqui). A Casa dos Representantes manterá a maioria Democrata conquistada nas eleições de 2006, quando se consolidou a estratégia red to blue dos democratas (clique aqui).
Apesar da dificuldade em apontar uma tendência que possa prevalecer até que o último voto seja apurado (o que nesta eleição não demorará tanto, pois foi adotada a urna eletrônica em vários Estados americanos), ainda mantenho a intuição de que Barack Obama será o próximo presidente americano. Sua grande vantagem está no Colégio Eleitoral, no qual o Senador por Illinois já conta com mais de 200 delegados assegurados e tem mais de 80 que tendem a ser definidos a seu favor, isso nos cenários mais pessimistas (CNN). Pois, em outros cenários a vitória já é praticamente certa (The Guardian, Ipsos, Gallup).
Até a próxima semana muita água (suja) pode passar por debaixo da ponte e novos cenários podem surgir. Todavia, será muito difícil fazer com que o eleitor americano esqueça que um muro fundamentalista lá também caiu e que os cacos ainda estão esparramados pelo chão dos desempregados e sem crédito.